Os abutre-pretos estão fortemente associados a habitats Mediterrânicos, nomeadamente a bosques de quercíneas como a azinheira e o sobreiro. Sendo a cortiça uma importante exportação portuguesa, é importante conciliar a exploração deste valioso recurso natural com a conservação do abutre-preto.
As actividades florestais, como a recolha de cortiça, podem ser uma fonte de perturbação importante em redor dos ninhos, podendo mesmo levar ao abandono de ninhos e consequentemente ao insucesso da reprodução. Assim, é recomendado que estas actividades sejam evitadas num raio de 500 m em redor dos ninhos de abutre-preto durante a época de reprodução. Contudo, em zonas de exploração de cortiça, esta exigência pode levar a perdas económicas graves para os proprietários dos terrenos, com prejuízo tanto para o proprietário como para a opinião do público local relativamente à conservação do abutre-preto.
Um estudo recente, desenvolvido por investigadores espanhóis na região de Umbría de Alcudia, próximo de Ciudad Real, abordou este tema, tendo analisado o impacto da extracção de cortiça na nidificação do abutre-preto e formas possíveis de o minimizar. Este estudo confirmou que a perturbação causada pela extracção de cortiça causa uma quebra de 20% no sucesso reprodutor da espécie, mas verificou também que esse impacto não se deve à presença dos homens ou máquinas envolvidas no trabalho, mas antes ao nível de ruído produzido por estes. Assim, este estudo concluiu que em zonas onde a limitação da extracção de cortiça 500 m em redor dos ninhos de abutre é economicamente inviável, esta actividade pode ser conciliada com a conservação da espécie desde que seja garantido que o trabalho de extracção é realizado com o menor ruído possível.

Este estudo é da autoria de Antoni Margalida e co-autores e foi publicado na revista inglesa Animal Conservation, estando disponível online no seguinte endereço:

http://www.priorimancha.es/documentos/Margalida_et_al_In_press_Anim_Conserv.pdf