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Os ninhos artificiais para abutre-preto
29 junho 2012


O projecto LIFE Habitat Lince Abutre pretende mitigar os factores limitantes para o estabelecimento e reprodução do abutre-preto em Portugal, como a inexistência de locais adequados à construção de ninhos e a perturbação em períodos críticos do seu ciclo reprodutor.

Para tal, estão a ser construídos ninhos artificiais ao longo de uma rede de locais seleccionados de acordo com os requisitos da espécie, em zonas de caça e propriedades com as quais foram estabelecidos protocolos de colaboração.

Na ZPE Moura/Mourão/Barrancos são já 22 os ninhos artificiais para abutre-preto implementados pelo projecto, os quais foram atentamente monitorizados durante a época de reprodução. Espera-se que no próximo ano algumas destas estruturas comecem a ser utilizadas pela espécie. Até lá, espera-nos a construção de mais ninhos, desta vez na ZPE Vale do Guadiana.

A instalação destas estruturas envolve a participação de uma grande equipa constituída não só por técnicos do projecto, mas também vários voluntários e sapadores florestais. A todos os envolvidos, fica o nosso agradecimento pelo esforço e dedicação que têm demonstrado ao longo deste último ano!



Assista aqui à reportagem filmada no terreno pelo Jornal Público

 



A selecção de árvores…

O abutre-preto nidifica preferencialmente em bosques de azinheira Quercus rotundifolia e sobreiro Q. suber, embora também possa construir os seus ninhos em pinheiros. As árvores seleccionadas pela equipa do projecto para a instalação dos ninhos têm de ter capacidade para suportar os cerca de 200Kg que podem atingir estas estruturas destinadas àquela que é considerada a maior ave de rapina da Europa, com até 3 metros de envergadura.


A difícil montagem do ninho…

Com as árvores previamente seleccionadas, Alfonso Godino, responsável do projecto pelas acções de conservação dirigidas ao abutre-preto, dá início à montagem dos ninhos. O árduo trabalho começa logo com o transporte de todas as peças da estrutura até aos lugares seleccionados pela equipa, normalmente em locais com declive acentuado e de difícil acesso. Apenas Alfonso, com formação em escalada e uma vasta experiência na montagem destas estruturas, pode subir ao topo da árvore. Lá em baixo está um batalhão de ajudantes, que ajudam a içar as 3 colunas ajustáveis que formam o suporte da plataforma ninho, toda em ferro. É sobre elas que assenta um cesto também metálico que irá moldar o ninho propriamente dito.
Uma vez encaixadas as peças metálicas, a base da coluna é fixada ao solo recorrendo a estacas metálicas. A coluna fica numa posição vertical, encostada ao tronco da árvore e ao qual é igualmente fixa. A altura do cesto do ninho é regulada de forma a ficar ao nível do topo da copa da árvore e sobre esse cesto é colocado material lenhoso (na base) e arbustivo recolhido no local e posteriormente içado até ao topo da estrutura.


Sabia que…
• A fêmea do abutre-preto realiza a sua postura, quase sempre de 1 ovo, entre Fevereiro e Abril.
• Desde 1970 que o abutre-preto não se reproduz com sucesso na área de intervenção deste Projecto (Sudeste de Portugal).
• O abutre-preto é útil ao Homem, removendo do campo cadáveres de animais silvestres e domésticos de forma eficaz e segura.
• Os factores limitantes para o estabelecimento e reprodução do abutre-preto em Portugal incluem a falta de locais adequados à construção de ninhos, a perturbação em períodos críticos do seu ciclo reprodutor e a escassez de recursos alimentares. Todos estes factores serão mitigados com a implementação de medidas específicas previstas neste Projecto e com a colaboração dos proprietários, gestores e caçadores no terreno.