O Projecto | Resultados | 
O que fizemos
O que fizemos


Conservação e recuperação da paisagem mediterrânica

Um dos principais factores de declínio de muitas espécies ibéricas tem sido nas últimas décadas a perda e fragmentação da paisagem mediterrânica, em especial devido a causas humanas (p. ex. construção de infra-estruturas, o abandono da agricultura tradicional, a alteração do uso do solo para culturas mais intensivas, a sobre-exploração pecuária). Como consequência perde-se a conectividade de habitats e importantes áreas de refúgio (áreas com vegetação mais densa como bosques de azinheira e sobreiro e/ou matagais) para diversas espécies, em especial para o lince-ibérico.

O que fizemos?
• Identificação de áreas prioritárias de actuação para implementação de medidas de conservação
• Assinatura de 28 protocolos de colaboração com proprietários, agricultores e gestores de caça 
• Intervenção em mais de 18.000 ha com medidas de conservação e adequada gestão da paisagem mediterrânica
• Criação de 56 ha de corredores ecológicos para o lince-ibérico em olivais nas serras de Adiça e Ficalho (concelhos de Moura e Serpa), para melhorar as condições de conectividade entre áreas de habitat favorável
• Presença regular nas regiões de actuação e contacto com dezenas de proprietários rurais e promotores de provas/passeios de todo-o-terreno de forma a detectar, minimizar e prevenir potenciais fontes de perturbação na paisagem mediterrânica e nas espécies-alvo
 
Corredores ecológicos para lince-ibérico em olivais



Criação de condições para o estabelecimento e reprodução do lince-ibérico e do abutre-preto
A crescente perda e fragmentação da paisagem mediterrânica leva a que os locais com pouca perturbação humana e características adequadas à reprodução do lince-ibérico e do abutre-preto sejam cada vez mais escassos.

O que fizemos?
• Um estudo para avaliar o estado sanitário da fauna que partilha habitat com o lince-ibérico, que deu a conhecer as doenças existentes bem como a sua prevalência na área de implementação do projecto. Constitui uma importante base para trabalhos futuros, incluindo vigilância de doenças da fauna e para assegurar o sucesso do processo de reintrodução do lince-ibérico em Portugal 
• Implementação (a título experimental) de 8 tocas artificiais para lince-ibérico em áreas de elevada adequabilidade para a espécie mas com ausência de locais adequados à reprodução, que foram amplamente utilizadas por mamíferos carnívoros com hábitos reprodutivos arborícolas como a fuinha e a geneta
• Colocação de 30 ninhos artificiais para abutre-preto (à data do final do projecto sem indícios de ocupação para nidificação por parte do abutre-preto)
 
Avaliação do estado sanitário da fauna Ninho artificial para abutre-preto Toca artificial para lince-ibérico  



Aumento da disponibilidade alimentar do lince-ibérico e do abutre-preto
O abandono das actividades agrícolas tradicionais (que proporcionavam alimento e abrigo a muitas espécies cinegéticas) e a introdução, por parte do Homem, de duas doenças infecciosas graves (mixomatose e doença hemorrágica viral) levaram, nas últimas décadas, a um decréscimo acentuado das populações ibéricas de coelho-bravo, um dos principais alimentos do lince-ibérico e do abutre-preto. Para além disso, as regras sanitárias da União Europeia e a sua aplicação em território nacional, que impedem que os cadáveres de animais sejam deixados no campo e, nalgumas regiões, o aumento do número de explorações com o gado estabulado (confinado), levaram também a um decréscimo acentuado do alimento disponível para as aves necrófagas como o abutre-preto.

O que fizemos?
• Criação de uma rede de 10 campos de alimentação que permite disponibilizar de forma legal e sanitariamente segura alimento para as aves necrófagas, estando a ser regularmente utilizada, em particular na região de Mourão, Moura e Barrancos. Nestes campos de alimentação, onde durante o projecto se disponibilizaram mais de 30 toneladas de alimento em mais de 300 fornecimentos, foram já identificadas 8 espécies de aves de rapina com hábitos necrófagos, 6 das quais com estatuto de ameaça (incluindo abutre-preto, abutre do Egipto e águia-imperial-ibérica)
• Fertilização e correcção da acidez do solo em mais de 25 ha, sempre que possível com realização de sementeiras (em colaboração com os gestores cinegéticos) para melhorar a qualidade das pastagens para o coelho-bravo
• Colocação de 10 cercas eléctricas, de eficácia comprovada para a protecção de pastagens para coelho-bravo para prevenir a herbivoria por ungulados (p. ex. veados, javalis, gado doméstico) 
• Construção de 3 cercados de protecção para coelho-bravo e melhoria de 1 cercado de reprodução para minimizar a predação desta espécie, que estão a permitir aumentar mais rapidamente as abundâncias desta presa nas áreas envolventes
 
Campo de alimentação para aves necrófagas Abutre-preto em campo de alimentação Cerca eléctrica em pastagem para coelho-bravo Cercado de protecção para coelho-bravo



Sensibilização e envolvimento da sociedade civil
A falta de conhecimento relativamente à importância ecológica do lince-ibérico e do abutre-preto contribui para que actualmente ainda morram indivíduos destas espécies por acção humana, tal como por envenenamento, atropelamento e/ou furtivismo. Para populações tão reduzidas como as destas duas espécies, o impacto da morte de um indivíduo que seja, é muito elevado.

O que fizemos?
• 4 Workshops temáticos (sobre a construção de ninhos artificiais, campos de alimentação, gestão sustentável de olivais e gestão sustentável da paisagem mediterrânica)
• Participação em dezenas de feiras regionais e nacionais 
• Visitas com agentes locais e escolas às medidas realizadas no terreno
• Cerca de duas dezenas de sessões de esclarecimento com a participação de mais de 500 residentes e agentes locais
• Cerca de 180 actividades de educação ambiental tendo chegado a mais de 3.000 crianças e adolescentes e 170 professores e funcionários de 40 escolas
• Inquéritos e sessões de participação pública para conhecer as percepções e atitudes (dos residentes e de grupos de interesse específicos) relativamente às duas espécies-alvo e à gestão do seu habitat. Os resultados obtidos permitem compreender os aspectos sociais inerentes aos objectivos de conservação do projecto, contribuindo assim para o seu sucesso e para o adequado envolvimento das populações locais. Identificaram-se ainda as necessidades de actuação a este nível para o período pós-projecto 
• Participação de cerca de 70 voluntários nas acções de conservação e monitorização desenvolvidas (p. ex. contagem de aves necrófagas)
• Quase uma centena de proprietários, gestores de caça, criadores de gado e olivicultores contactados e a quem foram entregues materiais de divulgação, dos quais cerca de metade colaboraram directamente com o projecto
• Apresentação do projecto e seus resultados em 25 encontros científicos nacionais e internacionais
 
Palestra em Escola Secundária Actividade no recreio - Gincana das Ameaças Participação em feira Sessão de esclarecimento a população local Visita às medidas implementadas no terreno



Comunicação e disseminação do projecto
Outra forma de combater a falta de conhecimento é através da comunicação e disseminação do projecto. Para além do website do projecto, foram também produzidos diversos materiais de divulgação, uma exposição itinerante e, junto às medidas realizadas, colocaram-se painéis identificativos. Além disso, sempre que possível, divulgou-se o projecto junto da comunicação social através da realização de diversas entrevistas, reportagens e comunicados de imprensa.



Os nossos maiores êxitos
• Aumento do conhecimento do público sobre o lince-ibérico, o abutre-preto e a paisagem mediterrânica, assim como da importância da sua preservação, promovendo o envolvimento de todos na sua conservação
• Contribuição para a sistematização do processo de criação e gestão de campos de alimentação para aves necrófagas
• Primeira rede de campos de alimentação para aves necrófagas do sul do país
• Integração do “Plano de Acção Regional para a Conservação do Abutre-preto”, realizado no âmbito deste projecto, na proposta de “Estratégia de Conservação das Aves
Necrófagas em Portugal” 
• Proposta para implementação pela autoridade nacional de conservação da
Natureza (ICNF) do “Plano de Mitigação do Uso de Venenos”, realizado no âmbito deste projecto
• Primeiro estudo de avaliação do estado sanitário da fauna doméstica e silvestre que partilha patologias e habitat potencial com o lince-ibérico
• Estabelecimento de corredores ecológicos nas serras de Adiça e Ficalho aumentando a conectividade e habitat disponível para o lince-ibérico nesta região
• Envolvimento de diversas entidades públicas e privadas na conservação do lince-ibérico, do abutre-preto e dos seus habitats